Negação da depressão
Hoje é conversa de gente grande, atendendo a uma das sugestões da enquete da semana passada.
Verdade difícil: A Organização Mundial da Saúde (OMS), afirma que a depressão em 2020 será a maior causa de incapacitação, sendo considerada mais prejudicial que angina, artrite, asma e diabetes e que até 2030 será a doença mais frequente no mundo.
Parece um tema batido, mas muitos ainda não entendem esse mal.
As pessoas estão sofrendo de um mal-estar generalizado que o abate, desanima e paralisa, não parece passar despercebido por quase ninguém.
De forma didática os sintomas comuns são:
- apatia
- desânimo
- falta de apetite
- problemas com o sono
- impotência sexual
- poucas palavras
- falta de sentido
- dor de viver
- falta de fantasias que sustentem as visões de futuro
- sensação de que o tempo que não passa
- anulação do desejo
- fatalismo
- transtornos da imaginação etc.
E pode ter muito mais, mas que pode ser resumido numa deflação libidinal do sujeito.
Consequentemente, uma queda na sua capacidade de desejar e/ou de articular seu desejo às coisas do mundo: trabalho, relacionamentos e arte, entre outras.
Diante da premissa freudiana de que só o DESEJO é capaz de pôr o aparelho psíquico em ação, (a máquina ser humano para funcionar!) percebe-se que:
As manifestações depressivas apontam para uma falha na energia libidinal de um sujeito, uma “impotência vital” Impotência que se propaga para todas as áreas da vida comum: trabalho, relacionamentos, sexualidade, apetite, sono.
E aí não quer nada. Não há desejo/impulso para: acordar, estudar, cuidar da saúde, aprender algo novo, pensar nos erros...e etc...
É o “morto-vivo” que, estando vivo no corpo, não pode fazer vida com ele.
“A depressão evoca uma posição do sujeito de fuga, de NÃO QUERER SABER daquilo que o afeta”
A negação é um mecanismo de defesa em que se recusa a aceitar a verdade ou realidade. Muito usada para justificar qualquer mau hábito. Como: uso excessivo de álcool, de drogas, de compras compulsivas, jogos. Também aparece a negação em casos de trauma ou desastres, como resposta benéfico a pessoa. Para impedir de aceitar informações desagradáveis sobre você e a sua vida.
Lacan a afirmar que, nas depressões, temos uma posição de covardia moral. Trata-se aqui de sair em retirada de um encontro sempre marcado com o inconsciente.
É quando não se quer saber nada, não saber o destino do seu inconsciente.
O trabalho da psicanálise é restaurar as relações entre essa dor,o vazio (que podemos chamar de muitas coisas) e substituindo essa dor,vazio o que paralisa pela energia que causa o desejo e liga o motor das atividades, para possibilitar que o indivíduo tenha força para buscar as satisfação das suas pulsões, dos seus sonhos e desejos.
Negar as suas dores, sofrimentos, não ditos e vazios, é o que afasta da cura. Da vida plena que você deseja. É necessário conhecer o vazio, a falta, a dor e o sofrimento para causar movimento, chance!
Para proteger a sua autoestima é preciso deixar de dizer não, deixar de negar e reconhecer seu comportamento disfuncional.
O que a psicologia psicanalítica ensina? Que nesta vida quem perde, ganha!
Psicóloga Carine Claro CRP 08/20789
Referências: Um estudo psicanalítico das relações entre depressões neuróticas e desejo: aproximações possíveis (scielo)
LINK: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-14982018000300343
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